4.5.10

minha história… até hoje… (e ela continua)

eu já contei esta história, minha história, algumas vezes nas entrevistas mais diversas… nunca, no entanto, num espaço “meu”, por assim dizer. vou tentar não me prolongar, mas sei que vai ser difícil, rs… (sejam pacientes comigo.)

comecei a cantar aos 15 anos de idade, em 1995, no grupo tom de vida de lineu soares, no colégio adventista (na época iasp, hoje unasp-c3) em que eu estudava em regime de internato na cidade de hortolândia, sp. um pouco tarde, é verdade, para quem cresceu na igreja e vem de uma família musical como a minha (com uma mãe que tem ouvido absoluto e tem como irmão o maestro e pr. williams costa jr., e com um pai que, no ano de meu nascimento, era barítono dos arautos do Rei). os que me conhecem desta época lembram: recém chegado da alemanha, desajeitado, meio nerd e sem saber falar português eu nem sabia o que era o que hoje denominamos de música cristã contemporânea ou sequer tinha alguma vez na vida segurado um microfone (eu segurava meio que como eu seguro um garfo pra comer, só muito mais tenso).

foi no iasp que aprendi a conviver com pessoas, rs… esta é a verdade. e foi lá que, pela primeira vez, senti aquilo que mais me fascinaria até o dia de hoje: a presença de D-s enquanto cantava músicas lindas que falam a Seu respeito. a tal ponto que, embora eu já tivesse tomado a decisão a respeito do que eu queria fazer da minha vida –trabalhar com literatura de língua materna num nível universitário– no ano de 1996, de uma maneira inocente, um pouco ignorante e absolutamente despretenciosa fiz um trato com D-s em relação à música cristã de que eu entraria por todas as portas que Ele me abrisse (através de uma vida de oração eu saberia se era Ele, mesmo, quem as estava abrindo) sem, no entanto, jamais bater a alguma ou, por minha força/iniciativa, abrir alguma porta.

outro momento decisivo ocorreu no ano de 2000 quando, em virtude da celebração do 17o aniversário do unasp-c2 o cantor larnelle harris (hoje talvez pouco conhecido, mas um dos expoentes da música cristã estilo inspirational que dominou a década de 80 nos estados unidos) veio ao brasil e eu fui a pessoa escolhida que deveria fazer um dueto com ele. como conseqüência à repercussão que isto causou no dia e depois, assinei, ainda em 2000, o meu primeiro contrato artístico na gravadora novo tempo (na época ainda “a voz da profecia”) que resultou no lançamento do meu primeiro cd solo “poemas e canções” que chegou da fábrica numa quinta-feira, dia 17 de junho de 2002.

somente 4 anos depois disto, em 2006, após algumas mudanças administrativas dentro da novo tempo, houve o convite para gravar um segundo cd –“viver e cantar”– que voltou da fábrica no dia 09.08.2007 (cd simples) e no dia 27.08.2007 (cd + dvd making-of).

de 2000 pra cá 10 anos se passaram (obviamente, rs.). acompanhei de perto o trabalho de 4 diferentes diretores gerais da instituição (um dos quais faleceu enquanto estava no cargo), 3 diretores comerciais, 4 diretores artísticos, 4 diretores financeiros, 4 diretores da tv novo tempo, 3 mudanças de nome e duas de logomarca desta tv, a criação do departamento de marketing, a criação do departamento de artes… tirei do plástico o microfone neumann 149 com o qual eu gravei ambos os discos resultado de uma compra mais do que arrojada de equipamento para o estúdio de audio no rio, a reforma do estúdio B (também no rio), a mudança da administração de friburgo e rio de janeiro para jacareí, a aquisição da cessão que transformou a tv novo tempo em uma tv aberta, a entrada na sky (canal 141)… em suma: vi esta instituição (que inclui uma rede de rádios com 16 emissoras, uma tv aberta, gravadora e mais um monte de coisas) crescer e mudar muito. mudar pra melhor, justamente porque uma coisa nunca mudou: o idealismo com que se trabalha neste lugar.

talvez por causa deste crescimento e por causa da visibilidade que este crescimento proporcionou nestes 10 anos dentro e fora da igreja adventista do sétimo dia, especialmente de alguns anos para cá, finalmente uma das questões mais fundamentalmente ideológicas para uma instituição como esta começou a ser posta (mesmo que não de uma maneira tão consciente): se toda expressão genuinamente artística deve, através do questionamento e da inovação levar à reflexão, como é que uma igreja tradicional vai sublinhar e assinar em baixo de algo que, por essência, precisa ser de vanguarda? e como tornar isto comercialmente viável? e olhando por este prisma não só o meu trabalho e ministério, mas tudo o que foi lançado pela novo tempo desde que ela começou a se abrir para a igreja e para o mundo como gravadora no ano 2000, talvez esta seja hoje a maior razão que eu tenho para admirar profundamente esta igreja.

nunca foi segredo, desde que comecei a gravar o cd de música judaica (intitulado “Avinu Malkenu”) que eu sonhava com uma distribuição mundial para este disco, até mesmo pelo fato deste cd não conter sequer uma palavra em português. fato é que nunca soube como isto poderia se tornar realidade e o fato de eu ter mixado e masterizado este album agora em dezembro e janeiro, lá em new york, sem nenhuma previsão de lançamento, distribuição ou qualquer outra coisa, foi apenas mais um ato de fé na história deste projeto que me acompanha mentalmente desde 2001 e que comecei a gravar em 2004 (muito antes de começar a gravar o “viver e cantar”). e à luz do fato da sony ter, justamente agora quando o cd estava ficando pronto, aberto um departamento para música cristã e o maurício ter me abordado sem eu ter precisado bater em porta alguma, quando eu ainda nem ousava sonhar com esta possibilidade, tudo parece se encaixar e fazer sentido. até o fato de eu estar gravando este cd há 6 anos já, sem terminá-lo, agora toma uma proporção diferente e encontra um significado maior.

quando a sony music brasil me abordou em relação a um contrato artístico, de maneira involuntária e subconsciente, talvez, a reação deles ao projeto de música judaica –que a princípio desconheciam– pra mim ia ser fundamental pra eu entender o plano de D-s pra minha vida como ministro da música, artista cristão, ou queira você chamar o que eu faço como quiser… isto, e eu poder continuar sendo o produtor do meu cd –com todos os benefícios artísticos e responsabilidades administrativas que isto me traz– eram os pontos cruciais através dos quais eu ia entender a direção de D-s na minha vida (ou através dos quais eu ia poder me esconder pra negar este convite, rs.; porque dá medo, viu gente?! o novo, o desconhecido, desde a antigüidade gera medo e desconfiança no ser humano). é fato que, a princípio, ambas as coisas lhes causaram um pouco de espanto (nada mais natural), mas foi incrível como este projeto e o meu projeto artístico de vida –que é assumidamente bem ideológico– foi aceito, abraçado, compreendido e enriquecido de um foco de business/comercial (o que eu antes achava simplesmente inconciliável, mas estou descobrindo que não o é).

em suma: o cd “Avinu Malkenu” tem lançamento nacional previsto pela sony em julho deste ano; pro primeiro semestre do ano que vem já estou juntando repertório e pré-produzindo um cd em português e o contrato ainda prevê a gravação de um dvd com lançamento pro ano conseqüinte (2012).

eu sei que é um texto excessivamente longo para um simples anúncio de assinatura de contrato, mas você, que teve paciência de chegar até este ponto do texto, merecia entender como isto tudo o que está acontecendo se encaixa na história da minha vida…