5.12.08

l(it)ei(/ra)tura...

nunca consegui me divertir com leituras filosóficas. já li alguns dos importantes pensadores da civilização ocidental e pelo menos até um certo ponto creio ter compreendido algumas das coisas que li (é claro que digo isto baseado na consciência de existirem vários níveis de compreensão e do meu nível de compreensão ser um dos mais baixos, rs.), mas nunca consegui me divertir com estas leituras. por mais que eu sentia que eu estivesse aprendendo muito –ler filosofia nada mais é do que pensar os pensamentos dos outros para, no caso ideal, se posicionar em relação a estes pensamentos– treinando os mecanismos de raciocínio e pensamento, isto nunca me deu prazer. pronto. falei! vou continuar lendo, pelo aprendizado, mas... enfim.

já até fiquei embasbacado com a genialidade e/ou ousadia de platão, aristóteles, nietzsche, heschel e tantos outros... com a capacidade de armazenar informações e principalmente de relacionar informações tão diferentes umas das outras de modo a criar novos sentidos (o que é minha definição pessoal da palavra inteligência) ou ainda com a organização e estruturação de pensamentos que tantas vezes ainda hoje são revolucionários..., mas simplesmente não me dá prazer.

não como a "literatura". 

atualmente estou lendo "guerra e paz" de leo tolstoi. 1644 páginas bíblia. e não é em vão que a literatura russa é famosa por ser excessivamente descritiva, detalhista e prolixa. mas é justamente nestas descrições exaustivas das pessoas, dos costumes, das roupas, das hierarquias, das paisagens, dos sentimentos, dos pensamentos (claro!), dos olhares, até, que parece que a gente conhece, nas semelhanças e diferenças em relação a nossa cultura e nosso tempo, o que nos torna seres humanos, em essência. é como se eu estivesse conhecendo através da rússia e dos russos da primeira década do séc. XIX (de uma maneira que muitos russos não se conhecem) um pouco mais a meu respeito e a respeito do ser humano de modo geral.

nos livros você pode viver várias vidas e vários personagens, muitas vezes fundamentalmente diferentes de si próprio. e isto amplia seu conhecimento de si mesmo, das pessoas ao seu redor e do mundo. no caso ideal, torna você mais compreensivo.

se isto acontece com tolstoi... quanto mais com a palavra de D-s. pela obra literária em si, a bíblia é o livro dos livros. somando isto à atuação do Espírito Santo, além de ampliar a visão de si e do mundo, a leitura da palavra de D-s –o relacionar-se com D-s!– tem poder de transformar-nos de seres escravizados pelos próprios desejos a seres livres para servirmos uns aos outros e ao D-s que nos libertou.