vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com o que se há de salgar? para nada mais presta senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.
vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.
(mateus 5:13-14)
todos conhecemos este texto. ele aparenta ser de interpretação simples e de fácil aplicação.
não quero me arvorar a fazer uma análise profunda, mas ando pensando muito neste texto; e falando bastante dele para as pessoas do meu convívio. tudo começou com uma conversa que tive com meu irmão andré, que é pastor, há alguns anos…
dizer que tanto a luz quanto o sal de nada valem em meio à luz e em meio ao sal, seria em demasiado óbvio. mas tem muito religioso que não se atenta para isto. então aqui vai: onde o sal precisa estar? no meio de todo e qualquer outro tipo de alimento. sal com sal, não faz sentido algum! onde a luz precisa estar? onde a escuridão parece ser a mais densa. luz, no meio de luz, não faz diferença nenhuma.
dois pensamentos em relação à luz:
a) a escuridão nada mais é do que ausência de luz. e tudo que é necessário para destruir a mais densa escuridão, é apenas um pouquinho de luz. as trevas não podem existir onde há luz. e não é a luz que tem de temer as trevas.
b) a luz não existe pra ser vista (embora seja visível e perceptível); ela existe para fazer enxergar (parafraseando um tweet do pr. ed rené kivitz que li um dia desses). ninguém fica olhando para a luz; mas sem luz, é impossível enxergar o mundo como ele é.
dois pensamentos em relação ao sal:
a) em uma refeição perfeita ninguém presta atenção no sal. ninguém fala nele, ninguém o nota. no caso ideal, o sal é totalmente imperceptível.
b) percebe-se apenas a falta ou o excesso de sal. e, importante, pior para a refeição é o excesso de sal do que sua falta.
pensamentos aleatórios, baseados no texto:
no texto, Jesus diz que somos sal, antes dizer que somos luz. será que precisamos ser sal, primeiro, antes de sermos luz? será que não estamos viciados em querer ser luz 24hs por dia, sendo que deveríamos passar mais tempo sendo sal? será que com isso não estamos salgando demais a refeição, chamando uma atenção negativa para nós mesmos, quando nem deveríamos ser percebidos? será que sofremos da necessidade de sermos notados, mesmo que seja da maneira errada? será que, como corpo de Cristo, não estamos supervalorizando nosso chamado para sermos luz em detrimento ao de sermos sal? e será que é por isso que desconfiamos de todo e qualquer cristão que, em alguns momentos, prefere ficar anônimo e fazer uma silenciosa diferença, achando que ele "mudou de lado" ou está "negando sua fé como pedro"?
às vezes fico pensando quantas oportunidades maravilhosas não perdemos de ser sal, porque nos sentimos pressionados –uns pelos outros– a sermos luz…